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Depois

Depois que você deixou a casa vazia mesmo morando nela; depois de ter duvidado dos meus planos lançando um sorriso amarelo sobre a narrativa dos meus sonhos, não mais houve fogo que aquecesse o meu café nem água quente que desse conta de relaxar o meu corpo cansado. A decoração da casa perdeu a cor e a graça. Depois de você ter gargalhado dos meus medos; depois de ter falado mais alto que deveria; depois de ter lançado olhares e suspiros de impaciência pela minha demora ao meu trocar, não houve mais filme ou série que me prendesse até tarde, nem jantar de sábado à noite que me fizesse ficar horas cozinhando feliz. Depois que você não mais fez questão de construir o nosso lugar, regar nossas plantas e organizar nossas gavetas, nem mesmo pijamas novos e lençóis limpos puderam me aconchegar. Mesmo o espetáculo do por do sol ou da lua cheia começou a passar despercebido. O frio entrou, a noite caiu, o leite azedou, a pia entupiu e o café esfriou. E o amor saiu para construir outro ninho.

A Arte da Travessia

Desde que a vida se materializa estabelece-se como a parceira mais fiel da morte. Nascemos caminhando para o fim. E o ponto de chegada nem sempre está localizado na velhice. Justamente por não sabermos em que ponto da travessia daremos nosso último suspiro, antes de cairmos feito um pacote flácido, é que viver se torna urgente. A vida urge; e, por isso, faz da travessia algo mágico, que nos foge o tempo todo, que se esvai como o vapor, delicada e rapidamente some... Vemo-la agora e já se expande apagando-se. Aproveitemos esse presente que é a travessia. Olhemos e vejamos; beijemos e cheiremos; lambamos e ouçamos a vida! Porque ela é eterna somente enquanto dura.

A IMPROVÁVEL ROSA DO DESERTO

Os primeiros passos se deram em solo pedregoso,  A aspereza sob os pés muito incomodou;  Por vezes foi necessário parar, enquanto outros continuavam.  Estar à beira do caminho aguardando as feridas fecharem causava-lhe angústia;  Os olhares dos passantes penetravam em sua alma como espadas de dois                                                                                                              [gumes.  Mas o difícil início não definiu o que viria pela frente;  E contrariando as profecias dos falsos profetas, surgiu luz nas trevas.  E o caminho se abriu diante da claridade que humildemente aos poucos surgia.  E a luz se fez fé e gerou coragem como nunca antes se havia sentido.  E a coragem a levou a abrir portas que escondiam as ferramentas para explorar o                                                                                                        [caminho.  Os pés sangraram até calejarem e sua alma muito aprendeu tomando cálices                                     

Lições de O Pequeno Príncipe

Eu já havia lido o livro e sempre me peguei encaixando ideias da obra em várias situações da vida, replicava frases às pessoas com quem conversava, até já presenciei várias vezes algumas dessas pessoas passando tais ideias à frente também. Mas mesmo tendo sido tocada de uma maneira muito forte por Antoine de Saint-Exupéry, nunca havia escrito nada sobre o quanto aprendi com O Pequeno Príncipe, embora tivesse tido vontade. Agora, há aproximadamente quinze dias, deparo-me com o filme e, claro, sem titubear dei play e entrei em um mundo de imagens que se formavam instantaneamente à minha frente a cada palavra impactante saída dos recônditos dessa obra que, sim, é para nós adultos crianças. Teve choro soluçante e muito amor transbordante! Tudo o que é mais importante não pode ser visto com os olhos: O que realmente é essencial só pode ser sentido, só se toca com o coração. Nós nos acostumamos a ver o que é aparente, muito mais em tempos de vida no Instagram, Facebook e outras mídias

Você é um prisioneiro emocional?

O que é uma situação de vida de cativeiro? O uso da palavra cativeiro aqui não foi empregado no sentido literal e físico, mas na pior versão de sentido metafórico relacionado a esse vocábulo: submissão ao desejo alheio. A prisão emocional existe quando se vive uma vida que não se quer viver mais, é continuar em uma rotina vazia e triste, sem perspectiva de dias felizes. Pausa para explicar o que são dias felizes: Viver os dias sem a sensação de ter uma trava na garganta, viver sem a sensação de estar sempre perante a um tribunal de justiça, sentir-se empoderado por ser único e supremo dono de si mesmo, sem mãos apontando para o seu nariz e sentindo a liberdade e a leveza de ligar o "foda-se" para quem quer que queira impor manuais de instruções sobre crenças, vestimentas, profissão ou qualquer outra coisa. O que leva à prisão emocional? São muitos fatores. Mas, de modo geral, vai se permitindo deixar-se prender quando aos poucos e sutilmente se colecionam verdades que não

O dia em que morri

Uma condição para o inexistente? Sim, eu sei que não existe, mas o meu coração não... Eu viro a taça e aguardo o efeito. As mãos... O último esmalte, o brega lacinho com brilho... Tento a acetona, não dá, elas já se foram. O que importa o vermelho ou o rosa? Vozes adolescentes entram pela janela... As férias de julho acabaram? Ilusórias férias de julho, dezembro ou janeiro... Bom mesmo é não ter que esperar por elas. Coisa engraçada dividir o tempo assim. A marca na mão direita me leva à profecia! Sim, foi ela. A profecia! O arrependimento verbalizado em alto som e entredentes! Torta nasceste e saíste da estrada na largada. Não tinha outro jeito... (Escrito em 2016)

Assim como a dança...

Tango... Um pensamento difícil que se pode dançar... Ouçam os passos! Vejam, são olhos em latim! Última flor... Ah, a música... Fortes batidas... Olhares desafiadores, Os passos devem ser rápidos Ou perder-se-á muito antes do último pentagrama... Há que ser firme! Tudo foi milimetricamente calculado... Não! Não desvie o olhar! Ou perder-se-á antes do último compasso... Precisão definem os movimentos, Que se encaixam espantosamente rápidos... Enrijeça! Mantenha-se assim! Ou perder-se-á antes da última nota...