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Lições de O Pequeno Príncipe




Eu já havia lido o livro e sempre me peguei encaixando ideias da obra em várias situações da vida, replicava frases às pessoas com quem conversava, até já presenciei várias vezes algumas dessas pessoas passando tais ideias à frente também. Mas mesmo tendo sido tocada de uma maneira muito forte por Antoine de Saint-Exupéry, nunca havia escrito nada sobre o quanto aprendi com O Pequeno Príncipe, embora tivesse tido vontade. Agora, há aproximadamente quinze dias, deparo-me com o filme e, claro, sem titubear dei play e entrei em um mundo de imagens que se formavam instantaneamente à minha frente a cada palavra impactante saída dos recônditos dessa obra que, sim, é para nós adultos crianças. Teve choro soluçante e muito amor transbordante!

Tudo o que é mais importante não pode ser visto com os olhos:

O que realmente é essencial só pode ser sentido, só se toca com o coração. Nós nos acostumamos a ver o que é aparente, muito mais em tempos de vida no Instagram, Facebook e outras mídias sociais. A internet vende aparências: aí achamos que precisamos ter aquela roupa, aquela bolsa, aquele carro, aquela casa, comer naquele restaurante, ter aquele corpo, ou que temos que nos matar de trabalhar para dar um celular x para o nosso filho, o tênis y, a escolinha de futebol z (porque todo mundo está fazendo e nosso filho, imagine, não pode se sentir diminuído). E assim vamos nos afastando das pessoas que amamos, não temos tempo de sentar à mesa juntos, fazer um bolo juntos e jogar conversa fora enquanto ele assa, não temos tempo nem de ficar em casa, dirá tempo de brincar com o filho ou ouvir as mesmas estórias de nossos velhinhos. E a lacuna do amor, da amizade, do companheirismo, da cumplicidade, do compartilhamento das horas vão aumentado e viram abismos que vão sendo preenchidos por fotos nas redes sociais, discursos vazios para provar ao outro que tudo o que fazemos era para o bem da família e o abismo fica cheio de coisas materiais, todos enxergam, elas estão ali para serem vistas. E, assim, a vida vai se esvaziando de amor, ninguém se compreende mais, ninguém tem paciência com ninguém. E o stress aumenta, a depressão se instala, as crises de pânico ficam mais frequentes e a graça da vida se esvai.

Só posso amar o outro plenamente se eu me amar em primeiro lugar:

Sabe porque motivo há tanta gente amando pela metade sem condições de escutar o outro e compreendê-lo? Porque não fomos ensinados a nos amar até transbordar. Não me amar um pouco ou me amar em alguns dias do mês, mas me conhecer o suficiente para corrigir minhas falhas e seguir evoluindo a ponto de eu olhar para mim e dizer: Como eu tenho orgulho de mim! Mas se eu prefiro cuidar da vida alheia, julgar o meu semelhante, futricar nos problemas que não são meus e fazer do outro o meu assunto, com certeza estarei cada vez mais distante de me amar, porque perderei grandes oportunidades de me conhecer, de me melhorar, de ser a mudança que eu tanto procuro e sempre acho que este ou aquele é que devem promover. Quem não encara suas próprias escuridões, não transformará suas fraquezas em potenciais molas propulsoras, não caminhará, não construirá caminhos, e tampouco será capaz de ser ombro que ampara, colo que que acolhe e voz que embala. Pessoas que preferem criticar o outro, denegrir a imagem alheia ou ficar comprando brigas na internet podem pensar que são ótimos argumentadores, aliás essas pessoas têm orgulho de se autointitularem críticos e questionadores, mas são uns rebeldes sem causa que ficam dando audiência para polêmicas tóxicas, aquelas que não promovem nenhum bem, nenhuma evolução humana - grifo para polêmicas tóxicas, porque não sou contra as boas polêmicas, aquelas férteis, que podem gerar bons frutos; reprovo o ímpeto, que para elevar uma ideia, fere a dignidade humana ou tem a pretensão de fazê-lo. Elencar nossos maus-hábitos e travar uma batalha contra eles é o grande começo para o big-bang de nossas vidas! Mas é muito mais confortável não adentrar os túneis sem iluminação da nossa mente e alma, por isso há tantos desistindo e preferindo criticar a escuridão do outro. Aí fica impossível dar o que não tem.

É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila:

Essa frase do livro me faz pensar sobre não ficar em cima do muro, não ser meio termo e tomar cuidado com o neutro, que é tudo a mesma coisa. É tudo referência a gente morna, indecisa ou que quer parecer boazinha. Para mim "ser neutro" pode significar "não sei nada sobre esse assunto", "tenho um posicionamento mas acho melhor me esconder" ou "como quero bisbilhotar aqui e acolá, agradar a gregos e troianos é melhor ser neutro". Porque na vida é importante ter apenas duas escolhas, sim ou não, ir ou ficar, o bem ou o mal. Ou você acha que uma água com um pouco de sal é mais ou menos água? Que duas pessoas podem ser mais ou menos casadas? Mais ou menos amigas? Continuar morno, sem saber para que lado pular é uma tragédia anunciada, vai dar @!#$%¨&. Lembram da Cecília Meireles? Pois é, ou isto ou aquilo. Temos o livre arbítrio, mas temos que pular para lá ou para cá, temos que escolher um caminho, não tem como, o que te salva de algo pode te condenar a outra coisa, e isso não é meio-termo, isso significa que quando dizemos sim para algo, estamos dizendo não para outras coisas, e assim continuaremos a nossa jornada sendo a nossa escolha "a" e não sendo o "b", aquilo que rejeitamos.

Um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele:

Como o baobá é uma árvore que pode chegar a medir de 5 a 25 m de altura e de 7 a 11 m de diâmetro no tronco, o principezinho que habitava um asteroide tinha medo de perder o espaço onde vivia, já que o solo era lotado de sementes de baobá. Sendo assim, a referência aos baobás na obra tem a ver com pequenos problemas que brotam aqui, ali e lá. Se não estivermos muito atentos ao que está brotando em nossas vidas e não estivermos dispostos a arrancar todos os dias os brotos que ameaçam a nossa paz, a nossa família e tudo aquilo que é essencial para a nossa felicidade, corremos o risco de não dar conta dos baobás que vão crescendo, enraizando e se agigantando até não conseguirmos mais arrancá-los.

O amor requer olhar juntos na mesma direção:


Sempre que duas pessoas fazem juras de amor é preciso, depois desse olho no olho, que os dois olhem para a mesma direção. É necessário que compartilhem projetos, ideias, atividades, estilo de vida, tarefas, desafios e problemas. Do contrário, um sentirá o peso de determinadas responsabilidades e logo ficará cansado ou encontrará alguém que divida os mesmos anseios com ele e mudará a direção. O amor exige correspondência mútua ou vai amornar e esfriar, não tem jeito. Compartilhar interesses e experiências trará consistência, suporte, energia, robustez e o relacionamento vai se desenvolvendo e germinará tanta coisa maravilhosa!

A poderosa arte de imaginar:

Aqui a mensagem nos incentiva a não matar a criança que cria, que inventa, que sonha dentro de nós. Olhar para as coisas como elas foram concebidas, e pronto, não tem graça. É revitalizante observar com os olhos de uma criança! Vamos olhar para os nossos dias como exploradores, sem atos automatizados, vamos curtir o agora, cada pedacinho dele e verás que a vida pode ser um extraordinário espetáculo. Quando foi a última vez que você fez uma viagem ao espaço ao observar uma estrela? Quantas descobertas você consegue fazer pelo caminho que te leva ao trabalho ou a escola todos os dias? Quando foi a última vez que você brincou de sentir que era um borboleta, um pássaro? E os formatos das nuvens? Elas podem ser outras coisas para você ou você se acha tonto tentando descobrir as mensagens do céu?

Comentários

  1. Simplesmente esplêndido!! Texto para refletirmos e com consciência e dignidade aceitar que erramos e podemos voltar e reconstruir. Basta acreditar. Sou sua fã Dora. Bjs no coração!!😍

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    1. Demorei, mas aqui estou para responder! Obrigada, Glaucinha, pelo comentário! Uma das coisas que deixa a vida mais linda e interessante é a possibilidade de reinvenção! Beijos!

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  2. Lindo, lindo. Me emocionei com o texto! Você nasceu pra as letras....

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    1. Só não nasci para a tecnologia...kkkkk Que bom que você gostou, minha lindeza!!! Amo-te!!!

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