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Você é um prisioneiro emocional?

O que é uma situação de vida de cativeiro? O uso da palavra cativeiro aqui não foi empregado no sentido literal e físico, mas na pior versão de sentido metafórico relacionado a esse vocábulo: submissão ao desejo alheio. A prisão emocional existe quando se vive uma vida que não se quer viver mais, é continuar em uma rotina vazia e triste, sem perspectiva de dias felizes. Pausa para explicar o que são dias felizes: Viver os dias sem a sensação de ter uma trava na garganta, viver sem a sensação de estar sempre perante a um tribunal de justiça, sentir-se empoderado por ser único e supremo dono de si mesmo, sem mãos apontando para o seu nariz e sentindo a liberdade e a leveza de ligar o "foda-se" para quem quer que queira impor manuais de instruções sobre crenças, vestimentas, profissão ou qualquer outra coisa. O que leva à prisão emocional? São muitos fatores. Mas, de modo geral, vai se permitindo deixar-se prender quando aos poucos e sutilmente se colecionam verdades que não

O dia em que morri

Uma condição para o inexistente? Sim, eu sei que não existe, mas o meu coração não... Eu viro a taça e aguardo o efeito. As mãos... O último esmalte, o brega lacinho com brilho... Tento a acetona, não dá, elas já se foram. O que importa o vermelho ou o rosa? Vozes adolescentes entram pela janela... As férias de julho acabaram? Ilusórias férias de julho, dezembro ou janeiro... Bom mesmo é não ter que esperar por elas. Coisa engraçada dividir o tempo assim. A marca na mão direita me leva à profecia! Sim, foi ela. A profecia! O arrependimento verbalizado em alto som e entredentes! Torta nasceste e saíste da estrada na largada. Não tinha outro jeito... (Escrito em 2016)

Assim como a dança...

Tango... Um pensamento difícil que se pode dançar... Ouçam os passos! Vejam, são olhos em latim! Última flor... Ah, a música... Fortes batidas... Olhares desafiadores, Os passos devem ser rápidos Ou perder-se-á muito antes do último pentagrama... Há que ser firme! Tudo foi milimetricamente calculado... Não! Não desvie o olhar! Ou perder-se-á antes do último compasso... Precisão definem os movimentos, Que se encaixam espantosamente rápidos... Enrijeça! Mantenha-se assim! Ou perder-se-á antes da última nota...

WARM ISLAND...

Fim de estação, o inverno avança sobre um tímido outono... São as últimas horas ... daqui a pouco não há mais o poder da vontade. Mas sem que ninguém percebesse, o tempo parou e Deus inverteu a ordem das estações... Neste ano não teve inverno... de presente nos foi ofertada a primavera! Surgiram olhos que quase totalmente se fecham quando os lábios sorriem... Olhos que vinham de mãos dadas com a simplicidade e a inquietude das crianças. O vento morno e aconchegante da estação das flores espantou as últimas rajadas frias do inverno.

Farol na solitária estrada...

Não mais que de repente a estrada se abriu amplamente diante de mim... Tudo era noite, frio, medo e desespero... Nenhum passante na terra, nenhuma estrela no céu, Nem mesmo a lua quis iluminar meu caminho. Os dias tornaram-se nublados e cinzas, Sob os meus pés as pedras torturavam-me, O sol envergonhou-se de mim e liberou sutis raios por entre as frestas                                   [das mórbidas nuvens... Quis voltar, não pude, tudo atrás assustava-me ainda mais. Sentei-me, gritei, chorei... ninguém me ouviu, só de mim eu dependia. Uma brisa lembrou-me quem eu era... despertou-me para caminhar. De repente, não mais que de repente, ao longe algo tremeluz                                    [ainda tímido. Meus olhos levantam-se pesadamente, ofuscam-se e voltam ao chão. Tudo é descrença, tudo é desilusão... A minha companheira brisa                                     [sussurrou "Eis uma luz, veja!" Tateando grandes rochas à beira da estrada fui ao encont

Fogos, vaga-lumes e borboletas

Mil quatrocentos e sessenta Sóis distantes e desejosos, Nem mesmo as tantas Luas diminuíram as chamas Que se dispunham a perseguir as receosas borboletas. Planos... É a vida que se encarrega por defini-los, Seguras as borboletas sobrevoam sempre a mesma área, Mas vindo o fogo elas se embrenham por outros vales. O dia torna a maioria das coisas nítidas, Mas é na escuridão que vemos a dimensão do fogo, É na escuridão que o fogo vai mas longe, É na escuridão que as borboletas se aquietam, É na escuridão que os medos afloram e a alma apavora, Porém, é apenas na escuridão que notamos a beleza dos vaga-lumes cujas danças luminosas não alegrariam nossos corações,  se o sol não desse lugar à lua.

Devaneios...

Cativeiro de vidro Quem passa ao longe não vê, Tampouco quem bem perto está. Por não levantarem as mãos e Por não tocarem não sentem; Mas as paredes continuam ali, Delimitando mundos próximos. Recinto hermético... gritos abafados... Apenas reflete a luz do sol ou do luar; Estrelas valsam na superfície vítrea. O brilho aquiesce os corações dos passantes Que sonham com as mãos crispadas do cativo.