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WARM ISLAND...

Fim de estação, o inverno avança sobre um tímido outono... São as últimas horas ... daqui a pouco não há mais o poder da vontade. Mas sem que ninguém percebesse, o tempo parou e Deus inverteu a ordem das estações... Neste ano não teve inverno... de presente nos foi ofertada a primavera! Surgiram olhos que quase totalmente se fecham quando os lábios sorriem... Olhos que vinham de mãos dadas com a simplicidade e a inquietude das crianças. O vento morno e aconchegante da estação das flores espantou as últimas rajadas frias do inverno.

Farol na solitária estrada...

Não mais que de repente a estrada se abriu amplamente diante de mim... Tudo era noite, frio, medo e desespero... Nenhum passante na terra, nenhuma estrela no céu, Nem mesmo a lua quis iluminar meu caminho. Os dias tornaram-se nublados e cinzas, Sob os meus pés as pedras torturavam-me, O sol envergonhou-se de mim e liberou sutis raios por entre as frestas                                   [das mórbidas nuvens... Quis voltar, não pude, tudo atrás assustava-me ainda mais. Sentei-me, gritei, chorei... ninguém me ouviu, só de mim eu dependia. Uma brisa lembrou-me quem eu era... despertou-me para caminhar. De repente, não mais que de repente, ao longe algo tremeluz                                    [ainda tímido. Meus olhos levantam-se pesadamente, ofuscam-se e voltam ao chão. Tudo é descrença, tudo é desilusão... A minha companheira brisa                                     [sussurrou "Eis uma luz, veja!" Tateando grandes rochas à beira da estrada fui ao encont

Fogos, vaga-lumes e borboletas

Mil quatrocentos e sessenta Sóis distantes e desejosos, Nem mesmo as tantas Luas diminuíram as chamas Que se dispunham a perseguir as receosas borboletas. Planos... É a vida que se encarrega por defini-los, Seguras as borboletas sobrevoam sempre a mesma área, Mas vindo o fogo elas se embrenham por outros vales. O dia torna a maioria das coisas nítidas, Mas é na escuridão que vemos a dimensão do fogo, É na escuridão que o fogo vai mas longe, É na escuridão que as borboletas se aquietam, É na escuridão que os medos afloram e a alma apavora, Porém, é apenas na escuridão que notamos a beleza dos vaga-lumes cujas danças luminosas não alegrariam nossos corações,  se o sol não desse lugar à lua.

Devaneios...

Cativeiro de vidro Quem passa ao longe não vê, Tampouco quem bem perto está. Por não levantarem as mãos e Por não tocarem não sentem; Mas as paredes continuam ali, Delimitando mundos próximos. Recinto hermético... gritos abafados... Apenas reflete a luz do sol ou do luar; Estrelas valsam na superfície vítrea. O brilho aquiesce os corações dos passantes Que sonham com as mãos crispadas do cativo.

Mágoa

Fera vociferando Ferida latejante Fé titubeante Dor lancinante Fé Fera Ferida Falácias Frieza Falta Falta... Falta... Falta... Fere Fera sem Fé Ferida Fétida...
Creare Aproveita-se o tempo quem pensa O pensamento inunda a alma e move a vida Se não há nada pronto, a gente inventa E a vida surge, gira, prossegue na humana lida.

Introspecção I

O LABIRINTO DO EREMITA    Vestido de ilusão, calçando estupidez,    Ele parte, incansavelmente, todos os dias,    E prossegue sua infindável luta    Contra reminiscências espectrais.    Nas mãos, resíduos de apegos vis;    Os ombros, dilacerados, sangram     E ainda tentam suportar sua coleção de eus!      O caminho é íngreme e escorregadio,    Lajeado hibridamente por angústias e frustrações;    Coadunam-se desespero e equívocos,    Materializando as muralhas que o cercam.    Seus poros expelem algo espesso e ácido    Que agressivamente corroem sua pele,    Arrancando-lhe grunhidos ásperos!